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Cotidiano

A propaganda que embriaga

Detesto tentativas de manipulação. Semana passada vi uma propaganda da apab, se não me engano, reclamando das últimas decisões do governo acerca das propagandas de cerveja na televisão. O comercial dizia que a publicidade não poderia ser punida pela irresponsabilidade de uma minoria que bebeu demais. Ora, se a publicidade serve justamente para a difusão comercial de determinado produto, ou seja, no fim das contas, influenciar o consumo de algo, como é que não pode ser punida por um produto que causa danos a seus clientes?

Eu sou um grande amante de peças publicitárias. A dos bichos da parmalat, a do bloqueio não! da Oi, as peças (quase todas) da Intelig, por exemplo, são comerciais que eu tenho prazer em assistir mais de uma vez, tal a criatividade e beleza. Mas não admito que usem a propaganda para me embriagar. Peixe podre vendido como salmão eu não compro!

É fato que bebida alcóolica faz mal a saúde. Não vou nem entrar no mérito de que uma dose de álcool no sangue faz bem ao organismo, pois, exceto meu pai, ninguém fica no único cálice de vinho recomendado. A juventude bebe com gosto e sem limite. Entre 2001 e 2005, o percentual de dependência de álcool entre jovens de 12 a 17 aumentou 35%. É fato que a bebida alcóolica traz dependência. É fato que a bebida alcóolica faz estragos por quem dela abusa e, pior, o abuso de uns prejudica quem está perto destes.

Neste último feriado, aqui no Rio de Janeiro houve aumento de 100% de acidentes nas estradas, quase em sua totalidade por uso de bebidas alcóolicas. Só a combinação feriado e bebida alcóolica aumenta em 20% os acidentes de trânsito no país. A partir de investigação com motoristas de São Paulo, em 2007, a Unifesp identificou que quase metade (48%) dos que beberam acima do permitido pelo Código de Trânsito Brasileiro atualmente (dirigir sob influência do álcool em nível superior a seis decigramas por litro de sangue, ou de qualquer substância entorpecente ou que determine dependência física ou psíquica) já tinham se envolvido em acidentes de trânsito. O álcool é responsável por cerca de 36 mil mortos por ano no Brasil.

E a abap vem dizer que não tem nada com isso? Ela devia era fazer um movimento para que as agências de propaganda se negassem a fazer peças para empresas de bebidas alcóolicas.

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